Este artigo resume as principais discussões e pontos de vista apresentados no webinar “Impacto da desativação das redes 2G e 3G no ecossistema do IoT”, com foco na participação do CEO da BWS IoT, Oswaldo Conti-Bosso. O evento, coordenado pela ABINC, e com moderação de Rogerio Moreira, Diretor de tecnologia da associação, também contou com a participação de Julio Tesser, VP América Latina da KORE Wireless e Vinicius Caram, Superintendente da ANATEL, para debater sobre os desafios e oportunidades que a desativação dessas redes implica para o setor de Internet das Coisas (IoT) no Brasil.
Introdução
As redes 2G e 3G foram fundamentais no desenvolvimento da conectividade móvel e do IoT. No entanto, o avanço tecnológico e a chegada de novas gerações de redes móveis, como o 4G e o 5G, levantaram questões sobre a viabilidade e necessidade de manter as redes mais antigas ativas. Oswaldo Conti-Bosso destacou que, atualmente, o Brasil possui cerca de 20 milhões de dispositivos 2G e outros 20 milhões de dispositivos 3G, o que representa aproximadamente 21% do total de dispositivos conectados no país, incluindo a rede celular. A desativação dessas redes pode ter um impacto significativo no ecossistema do IoT, especialmente em um país com a vastidão e diversidade do Brasil.
Principais pontos debatidos durante o webinar
📡 Contexto Tecnológico: A discussão gira em torno do desligamento progressivo das redes 2G e 3G, um fenômeno global visando a otimização do espectro de frequência e a adoção de tecnologias mais avançadas como 4G e 5G. No Brasil, a discussão ganhou oficialidade na Futurecom do ano passado, indicando uma transição cuidadosamente planejada.
💼 Impacto no Negócio: Os participantes destacaram o impacto significativo dessa desativação nas operações de negócios que dependem da conectividade IoT. Especificamente, setores como rastreamento veicular, pagamento móvel, e telemetria serão afetados, necessitando de uma transição para tecnologias mais novas e eficientes.
🚀 Avanços e Preparação: As empresas estão sendo incentivadas a adotar dispositivos compatíveis com 4G ou 5G, garantindo uma transição suave. A ANATEL e as operadoras de telecomunicações estão trabalhando para expandir a cobertura 4G, especialmente em rodovias, para facilitar essa mudança, pois o fato é que estamos muito atrasados no planejamento de implantação da Rede 4G nas estradas brasileiras, o plano da ANATEL junta as operadores vai até 2029.
🌍 Perspectiva Global e Local: A desativação das redes mais antigas segue uma tendência global, com diversos países já tendo completado o processo. No Brasil, o planejamento cuidadoso visa garantir que a transição não apenas alinhe com as práticas globais, mas também considere as peculiaridades locais, como a grande dependência de certas regiões nas redes 2G e 3G para serviços IoT.
🔍 Tecnologias Emergentes: A discussão abrangeu também as tecnologias promissoras que podem substituir o 2G e o 3G, como NarrowBand IoT e LTE, que podem oferecem soluções de baixo custo e/ou baixo consumo de energia para aplicações IoT, e a emergente 5G, que promete revolucionar o ecossistema com altas velocidades e capacidade de conexão massiva.
🛰️ Conectividade Avançada: Foi discutida a expansão da conectividade via tecnologias emergentes, como satélites, para complementar a cobertura onde redes 2G e 3G estão ausentes. Isso inclui a exploração de faixas satelitais para IoT, ampliando a cobertura e a capacidade de conexão em áreas remotas ou com cobertura insuficiente.
💼 Modelos de Negócios e Incentivos para a Transição: Foi ressaltada a necessidade de modelos de negócios que incentivem a migração para redes mais novas, incluindo a possibilidade de estímulos para a troca de dispositivos antigos por novos, com tecnologias que garantam maior eficiência e sustentabilidade operacional.
Posicionamento da BWS IoT na Transição Tecnológica
Oswaldo Conti-Bosso, CEO da BWS IoT, expressou uma visão abrangente e estratégica sobre a transição das redes 2G para tecnologias mais avançadas dentro do ecossistema IoT. Ele destacou a importância de um planejamento cuidadoso e a adoção progressiva de novas tecnologias para assegurar a continuidade dos serviços e a sustentabilidade dos negócios, enfatizando a necessidade de se adaptar às mudanças com visão de futuro.
Segundo Oswaldo, a BWS esperou por 8 anos a manifestação oficial da ANATEL com relação ao cronograma para desligamento da Rede 2G e 3G, prevista para ser concluída até 2028. A BWS acredita que essa mudança e transição se dará de forma mais tranquila após a manifestação da ANATEL, para a Rede 4G, que acontecerá gradualmente ao longo dos próximos anos. A empresa continua atendendo a demanda por dispositivos 2G, especialmente de grandes clientes que valorizam o custo-benefício desses dispositivos. Essa abordagem é justificada pelo ciclo de vida curto e pela alta rotatividade dos dispositivos, fazendo com que, em muitos casos, a escolha pelo 2G, estrategicamente com conectividade de mais de uma operadora, ainda seja economicamente vantajosa.
Além disso, Oswaldo apontou a dependência significativa de aproximadamente 900 a 1000 cidades brasileiras à rede 2G, o que representa cerca de 20% do total de cidades do país. Essa dependência é especialmente crítica em rodovias, onde a cobertura 4G ainda é insuficiente, com atraso no cronograma de implantação de Rede 4G pelas rodovias brasileiras. Ele mencionou os esforços da ANATEL em colaboração com operadoras para expandir a cobertura 4G nas rodovias, porém esse cronograma, entre ANATEL e Operadores está com a corda esticada, vai até 2029.
No tocante ao suporte e desenvolvimento de dispositivos, a BWS está focada em inovar com dispositivos que não apenas suportem o 4G, mas que também estejam equipados com tecnologias avançadas de IoT, NB2, como LoRa P2P / LoRaWAN, para otimizar rastreamento e comunicação. A empresa também considera crucial o suporte ao “fallback” para 2G em dispositivos 4G, assegurando funcionalidade onde o 4G ainda não é uma realidade plenamente estabelecida.
Finalizando, Oswaldo sublinhou a capacidade de inovação, expertise e ‘startup spirit’ da BWS, agora com uma equipe de Engenharia de Desenvolvimento de Tecnologias IoT de Hardware e Software no Brasil. Esta capacidade, combinada com a nova política industrial do país, posiciona a BWS para fabricar localmente em curto prazo ou médio prazo, embora o custo de produção na Ásia permaneça muito competitivo. O objetivo da BWS é desenvolver dispositivos com um design globalmente competitivo, visando mercados além do Brasil.
Essa abordagem multifacetada da BWS IoT reflete um compromisso com a adaptabilidade e a inovação frente às mudanças tecnológicas, garantindo não apenas a transição suave para redes mais modernas, mas também a sustentabilidade e crescimento no dinâmico mercado de IoT.
